quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Relatos de umpai obstetra que fez o parto da sua filha (achei lindo ,e resolvi divir com vcs)

Conheça a história de Mariano Tamura, 38 anos, obstetra, pai de Ana Clara, 5, e Manuela, 3

Depoimento a Heloiza Camargo

  arquivo pessoal
“Acompanhei ativamente (como pai e como obstetra) as gestações das minhas filhas – é impossível você chegar em casa e deixar de ser médico. Na primeira gravidez, naturalmente que as primeiras queixas da minha mulher eram para mim, e, por isso, eu acabava a examinando antes mesmo de irmos ao consultório do médico da família, que escolhemos para fazer nosso pré-natal. O primeiro parto foi feito pela equipe do hospital em que trabalho. Nem cogitamos minha participação como médico. Dentro da sala de cirurgia me comportei como pai, apenas, e não interferi em nenhuma decisão – no parto da minha primeira filha, queria ser mais pai do que obstetra, mas percebi que não dá para fazer essa separação. Por isso, da segunda vez foi diferente. A minha esposa, Valéria, pediu para que eu fizesse o parto. Ela disse que se sentiria mais segura, e várias amigas nossas tinham tido os filhos comigo. Não pude negar aquele pedido tão especial.
Na faculdade a gente aprende que deve evitar ao máximo tratar de familiares, mas, para mim, essa é uma escolha muito pessoal. Durante toda a gestação fiquei muito tranquilo. De qualquer maneira, combinamos que, se por qualquer motivo desistíssemos da ideia de que eu deveria fazer o parto (se eu ficasse muito nervoso, por exemplo), ninguém ia ter ressentimentos.
No dia do nascimento da nossa filha, Valéria acordou sentindo contrações e eu a examinei em casa mesmo. Liguei para a minha equipe e fomos direto para o hospital. A ideia era tentar mais uma vez o parto normal, já que na primeira gravidez tivemos de fazer uma cesárea porque, apesar da dilatação de oito centímetros, a bebê não descia. Dessa vez, com cinco centímetros de dilatação, a bebê fez cocô na barriga dela. Quando isso acontece, o bebê pode aspirar as fezes e ter pneumonia. Por isso optei pelo parto cirúrgico.
Tive que passar bastante tranquilidade para a minha esposa, contar que era preciso desistir novamente do parto normal e fazer uma cirurgia. Na cesárea, descobrimos que havia um nó verdadeiro do cordão umbilical, que é quando há três, quatro, cinco voltas ao redor do pescoço do bebê e isso traz riscos (é comum crianças nascerem com até duas voltas do cordão, não é perigoso nem impossibilita o parto normal).
Ao contrário de muitos pais que se sentem nervosos ou mais ansiosos no dia do parto, eu permaneci bastante seguro e completamente concentrado. Senti um senso de responsabilidade muito grande naquele momento, e precisava mesmo daquilo para poder tomar as melhores decisões médicas. É como quando você recebe uma notícia preocupante: você se segura e, depois, desmonta. Foi o que aconteceu comigo.
Minha cunhada, Luciana, que entrou como acompanhante da Valéria, fez a vez de ‘pai’ também. Afinal, eu precisava finalizar a cirurgia. Foi ela quem carregou a nossa filha e entregou para a minha mulher e, depois, levou no vidro do centro cirúrgico para mostrar à nossa família. Quando terminei o parto, fiquei bastante emocionado e fui abraçar a minha esposa.
Não tem como comparar essa experiência com o parto da minha primeira filha – cada criança é diferente. A emoção da Ana Clara foi de pai de primeira viagem, já a da Manu foi de estar diretamente envolvido. Tenho certeza de que, se engravidássemos pela terceira vez, eu faria o parto de novo.”

Fonte : revista Crescer.

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